quinta-feira, 18 de junho de 2009

sangue como tinta




de Edson Bueno de Camargo

assim se usasse sangue como tinta
talvez impressionasse os olhos dos ouvintes
e em grande pompa entraria na arena
onde outros imortais esperam

mas
de que adianta ser sob a sombra do ostracismo
por que fazermos tudo isso
se isso não é aquilo que esperam?

tu esperas dar poesia aos que não tem pão
mas poesia não se come
não cobre o corpo para dormires
mal serve de alento para as dores
e o cansaço do dia

ai daquele que confia sua dor aos outros
mal aventurado o que mente
o que planta sementes em terrenos estéreis
o que busca água nos desertos
o que despreza o mar por ser grandioso
e busca alento nos regatos das montanhas

o poeta e o louco da aldeia tem o mesmo destino
de acreditar que insensatez é verdade
de ter poder de criar mundos com palavras
melhor o palhaço que faz rir
e ri de todos
guardando o choro para o escondido das cortinas

2 comentários:

Edson Bueno de Camargo disse...

A poesia pode ser a experimentação do cotidiano também.

Zilda Costa disse...

Parabéns, Edson!
Ficou um cantinho muito bonito e aconchegante, como nossa comunidade mesmo.
Lindo o poema!!eu sei que nesse peito largo habita um grande coração transbordando sentimentos. Abs!