Edson Bueno de Camargo
a flor da serralha
amarela meio Sol da tarde
meio gema de ovo cozido
as folhas escalas verdes
flor de todo lugar
e bombardeiros sementes
no vento sem peso
Rio Claro
a massa de ar carrega leve a rua
de braços abertos e olhos fechados
minúsculas ondas na areia
um deserto miniatura na porta da casa velha
abraçados pelo oxigênio do dia
corríamos descalços
como se livres dos sapatos
estivéssemos também da vida
minha avó no fundo da sala
(e seus bordados)
meu avô sentado nos degraus
pitando a palha
depois açúcar cristal de colherinha
com o gosto áspero de primeira infância
o que era simplicidade
para nós era um prêmio
eram verões de dias longos
camisa suada
e céu de aquarela
calças curtas
e canelas esfoladas de subir em jabuticabeiras
grandes bicicletas de aros longos
mal cabíamos de satisfação
perseguíamos o Sol
para que o dia não terminasse
Nenhum comentário:
Postar um comentário