terça-feira, 23 de junho de 2009

Artista




Leticia Brito

Estava finalmente só, mas só do que merecia, tudo a sua volta parecia repleto, tanto que ela conseguia se perder em meio as paredes de seu quarto.
No comodo vazio de sentido e mobilia podiam ser encontrados apenas uma cama, uma cadeira e um espelho que mostrava a ela o infinito. Suas janelas eram trancafiadas, nenhum raio ousava atravessar aquela prisão de madeira, naquela cadeia nem mesmo os sentimentos podiam entrar.
Era uma pedra bruta, trancada dentro de uma mina que fora a muito abandonada. Será que ninguém notou o brilho daquela que podia ser uma bela jóia? Se as pessoas não enxergam nem as flores que nascem na cidade, porque notariam tal presença?
Uma mulher solitária, um ser esquecido, esquisito, indiferente em sua existência, mais com olhos que conseguiam atravessar os infinitos muros das aparências humanas.
- Quando vão me libertar?
- Mas será que eu quero ser liberta.
Comia papel, bebia musica e arrotava poesia. Era artisitcamente linda, por isso fora trancada atrás daquelas grades, para que naquele hospital pisiquiátrico perdesse toda sua humanidade.
O artista sempre irá incomondar, pois ele sempre vai representar o humano que insiste em sonhar.

Um comentário:

Edson Bueno de Camargo disse...

O artista está irremediavelmente condenado á solidão.

Nada mais solitário do que o criar.