domingo, 13 de setembro de 2009

Provinciano

Da aridez hostil brotou o cacto
Do cacto hostil brotaram poucas flores
Enfim, fez-se o homem forte.
Forte e curvado
Forte e arrebatado

Mira o futuro,
Mas o futuro se dispersa
Extrai de si mesmo a força que necessita
O pouco lhe basta
O excesso lhe sufoca

De aspecto agressivo
De conteúdo abundante
Criou-se da escassez,
Mas a ela não se conteve
Reciclou o sabugo
“Viajou na maionese”
Rompeu com o sagrado
Libertino libertado

Agridoce na essência
Move-lhe o tesão pelo desafio,
Pelo bizarro,
Pelo belo,
Pelo proibido
Do piegas nasceu o lascivo
Lapidou por si só o que tinha de tosco
Manteve tosco o que tinha de ser

Provinciano atrevido
Provinciano e decadente
Olhou para fora
Quis saber mais
Digeriu o proveitoso
Cuspiu as sobras
Vomitou o que havia sido imposto
Odiou a indiferença,
A hipocrisia repugnante

Sóbrio
Embriagado
Um pouco de Deus
Um tanto de Diabo
Tens o amor
Ama todas as cores,
Todas as formas – cada uma é especial,
Causam diferentes prazeres

Ardeu no ermo
Renasceu
Para si
Para o mundo
Respirou da secura do pó,
E do pó se fertilizou
Deu vida
Espantou a morte

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